O Brasil se insere no mercado internacional como um grande exportador de commodities. A exportação de carne desempenha um papel crucial na economia brasileira, constituindo, atualmente, mais de 30% das transações de um dos setores mais significativos e dinâmicos do comércio internacional: o agronegócio. O Brasil é reconhecido globalmente como um dos principais agentes na produção e exportação de diferentes tipos de carne, incluindo carne bovina, suína e de aves.
A expansão desse setor ao longo das últimas décadas tem sido marcada por um notável crescimento e uma crescente relevância estratégica, tanto para a balança comercial do país, quanto para o abastecimento das demandas alimentares em âmbito global.
Com mais de 6 bilhões de dólares somados no primeiro semestre de 2023, venha conhecer um pouco mais desse setor que é tão presente na nossa economia!
A grande quantidade de recursos naturais, a enorme extensão territorial e os fatores climáticos ajudam e muito na produção de carne em grande escala. A indústria de carne no país tem sido capaz de combinar eficiência produtiva com a adoção de práticas inovadoras, elevando os padrões de qualidade e segurança alimentar.
Principais destinos da exportação de carne brasileira.
O Brasil é considerado um dos principais produtores de carne do mundo, mas para onde essa carne toda é exportada? Conheça a seguir os 5 principais importadores dos diferentes tipos de carne que são produzidas aqui no Brasil.
- Carne Bovina
A Carne bovina vem em uma crescente desenfreada há mais de 20 anos. Segundo a Associação Brasileira das Indústrias exportadoras de carne, quase 1,5 milhões de toneladas foram exportadas neste ano, somando mais de 6,6 bilhões de dólares. Os principais destinos dessa produção são:
- China (46,1%)
- Chile (6,1%)
- Egito (5,3%)
- EUA (5,0%)
- Arábia Saudita (4,0%)
- Carne de frango
Um importantíssimo produto para economia brasileira, foi consolidado no mercado antes mesmo da carne bovina. A carne de frango nos últimos anos ganhou ainda mais espaço com o aumento dos preços da carne. Tendo exportado mais de 2,5 milhões de toneladas no primeiro semestre de 2023, aqui estão os principais destinos:
- China (20,0%),
- Japão (10,8%),
- Arábia Saudita (8,7%),
- Emirados Árabes (8,6%)
- México (4,7%).
- Carne Suína
A exportação de carne suína vem, assim como o mercado de carnes em geral, crescendo bastante. No ano de 2023 ela vem se mostrando ser 20% maior do que em 2022. No primeiro quadrimestre de 2023, os países que mais importaram carne suína e sua respectiva quantidade são:
- China, 143,2 mil toneladas
- Hong Kong, 42,2 mil toneladas
- Filipinas, 27,8 mil toneladas
- Chile, 27,3 mil toneladas
- Singapura, 23,8 mil toneladas
Por que a China importa tanto do Brasil?
Dentre os principais destinos das carnes brasileiras, não importa o tipo de carne, a China é o principal consumidor, mas por que isso acontece? Quais os motivos para que esse seja o destino de 40% das nossas exportações de carne? Dos diversos motivos que podem ser citados, os mais importantes são:
- Demanda crescente por proteína animal
O consumo de proteína animal vem aumentando muito nos últimos anos, principalmente o da carne de boi. Essa demanda teve um aumento expressivo nos países asiáticos, e a China, por ser o segundo país mais populoso do mundo, tem uma demanda gigantesca.
- Deficiência na produção doméstica:
Mas a China não produz para tentar suprir essa demanda? A resposta é sim, ela produz, mas são tantas pessoas que a produção do país torna-se insuficiente para abastecer seu mercado doméstico. As áreas de produção são limitadas, alguns recursos necessários para a alta produção de gado são escassos, como a água. A criação de animais para o abate é muito custoso e a China não tem o potencial hídrico necessário para produzir quantidades de carne que alimentem o mercado interno dela.
- Variedade de carnes brasileiras:
Além da insuficiência em suprir o mercado com a própria produção, as exportações brasileiras trazem uma diversidade que é muito atrativa. A China, assim, pode comprar os diversos tipos de carne que a demanda interna preferir, e atender essa necessidade de um jeito muito mais fácil.
- Acordos comerciais:
O Brasil e a China vêm nos últimos anos se tornando grandes parceiros comerciais e, dentre os inúmeros acordos comerciais, alguns facilitaram a exportação de carne do Brasil para a China. Dessa forma, torna-se muito mais rentável para um país como a China importar do Brasil. Conheça um pouco mais sobre o Brasil e seus acordos comerciais em nosso blog.
Impactos Econômicos e Sociais
Bom, mas quais os impactos socioeconômicos da produção e exportação de carne? A primeira resposta que normalmente aparece é sua importância para o PIB do Brasil. O Agronegócio é um dos grandes nomes quando se fala do PIB brasileiro, já que ele representa 25% dele. Portanto, a relevância da exportação de carne se mostra quando ela se revela ser responsável por ⅓ das transações do agronegócio.
A indústria da carne é um importante setor empregador em muitos países e, no Brasil, um dos maiores produtores de carne do mundo, isso não é diferente. Desde a produção agrícola até a distribuição e venda de produtos há uma cadeia complexa de produtores, fornecedores, distribuidores, varejistas e outros intermediários, criando oportunidades de negócios e empregos em várias etapas. Ela contribui, assim, para a geração de empregos diretos e indiretos, proporcionando renda e oportunidades tanto à comunidade rural, quanto à comunidade urbana.
Por isso, o agronegócio e a indústria da carne recebem investimentos gigantescos por parte privada e estatal. A carne e todo mercado que gira em torno dela se mostra no Brasil como um agente socioeconômico de peso.
Sustentabilidade e Meio Ambiente
Mesmo que seja um grande agente econômico, a produção de carne também é, junto com todas as outras áreas do agronegócio, uma atividade que degrada o meio ambiente de inúmeras formas, sendo muitos locais de produção são pouco sustentáveis.
Dentre as principais consequências que a alta produção de gado traz para o meio ambiente,
podem ser citadas:
- Desmatamento: A expansão de áreas de pastagem e criação de terras para o gado frequentemente resultam em desmatamento, especialmente em regiões como a Amazônia. O desmatamento de florestas contribui para a perda de biodiversidade, destruição de habitats naturais e interrupção dos ciclos ecológicos.
- Emissões de Gases de Efeito Estufa: A produção de carne é uma das maiores fontes antropogênicas de emissões de gases de efeito estufa, como dióxido de carbono (CO2), metano (CH4) e óxido nitroso (N2O). O metano é particularmente problemático, já que tem um potencial de aquecimento global muito maior do que o CO2 a curto prazo.
- Consumo de Água e Uso de Recursos: A produção de carne requer grandes quantidades de água para o cultivo de alimentos para os animais, além da própria água utilizada para o gado. Além disso, a produção de ração, transporte e processamento de carne requerem uma quantidade significativa de recursos naturais, como grãos, água e energia.
- Poluição da Água e Solo: A agricultura animal pode resultar na poluição de rios, lagos e aquíferos devido ao escoamento de resíduos de animais, produtos químicos usados na produção e fertilizantes. Isso pode levar à contaminação da água e do solo, afetando negativamente os ecossistemas aquáticos e terrestres.
- Uso de Antibióticos e Hormônios: A criação intensiva de animais frequentemente envolve o uso excessivo de antibióticos para prevenir doenças em condições superlotadas. Isso pode levar ao desenvolvimento de resistência a antibióticos em bactérias, o que representa um risco para a saúde humana.
- Perda de Biodiversidade: A conversão de terras para pastagens ou plantações de ração animal pode levar à perda de habitats naturais e, consequentemente, à redução da biodiversidade local. Isso afeta negativamente as espécies nativas e pode resultar em extinções.
- Esgotamento de Recursos Energéticos: A produção de carne exige uma grande quantidade de energia, desde o cultivo de alimentos para os animais até o processamento e transporte dos produtos. Isso forma uma cadeia desde a produção até o consumidor final que demanda continuamente por recursos energéticos não renováveis.
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