Em 2023, a balança comercial brasileira (subtração entre exportações e importações nacionais) fechou em superávit de 98 bilhões de dólares, um resultado melhor que toda a série histórica. Uma balança positiva como a brasileira é incomum em países em desenvolvimento por não terem um volume muito grande de produção ou por não conseguirem produzir produtos básicos e necessários em todas as economias. Mas a balança comercial brasileira, apesar de ser de um país em desenvolvimento, bate recordes positivos não raramente. Afinal, o que acontece?
Brasil, o celeiro do mundo
Embora não seja um grande produtor de mercadores que requerem mão de obra qualificada e não se destaque na produção com tecnologia de ponta como microchips, máquinas industriais e equipamentos médicos avançados ou carros elétricos, o Brasil possui uma forte exportação de commodities, isto é, produtos não industrializados básicos e matéria prima. Por isso, tem o apelido de celeiro do mundo, sendo líder na exportação de várias commodities como café, milho, açúcar, suco de laranja, carne bovina, etc.
Como visto no ano de 2023, o Brasil bateu seu recorde positivo em frente ao mundo e vem tendo resultados positivos desde o ano de 2015.
Quais são as expectativas?
A secretária de comércio exterior, Tatiana Prazeres, aposta em um novo recorde ao final de 2024, apesar das crescentes guerras e incertezas na geopolítica e economia global. Esse otimismo se deve ao aumento previsto de volume exportado das commodities anteriormente citadas. A previsão em valores do MDIC (Ministério de Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços) é de recorde de US$348,2 bi (em face a US$ 339,7 bi de 2023), mas as importações também devem subir para US$ 253,8 bi (em relação US$ 240 bi), a balança assim deve recuar 4,5% em relação ao ano anterior.
Por que as exportações devem crescer?
De acordo com o diretor de Estatísticas e Estudos de Comércio Exterior do MDIC, Herlon Brandão, “A exportação em dezembro (de 2023) ficou muito acima, isso influencia a série para frente. Mas a tendência se mantém em crescimento. E o cenário internacional nos leva a acreditar que será o volume que continuará puxando a exportação”.
Conforme com o Banco Mundial a recuperação da demanda por produtos alimentícios e, de forma mais ampla, pelo comércio de países desenvolvidos deve impulsionar o ligeiro aumento nas exportações nacionais, ou seja, o volume aumentará as exportações e não o aumento nos preços.
Pegando o petróleo como exemplo, José Augusto de Castro, presidente executivo da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), diz: “A exportação de petróleo está crescendo em termos de quantidade. Há um aumento todo ano”, a associação projeta que a exportação do produto atingirá 83 milhões de toneladas, mais que as 81 milhões de toneladas apuradas em 2023.
Na carne bovina, essas previsões já são em parte, realidade, segundo dados divulgados pela Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo), as exportações de carne bovina do Brasil alcançaram números recordes no primeiro trimestre de 2024, atingindo um volume de 672.330 toneladas, aumento de 35% em relação ao mesmo período do ano anterior. Na exportação de frango também, pelas recentes projeções do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA), em 2024 as exportações brasileiras de carne de frango devem registrar aumento anual superior a 4% e alcançar 4,975 milhões de toneladas.
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Entre janeiro e março de 2024, foram exportados US$78,3 bi, valor 3,2% maior que em 2023 e recorde para um primeiro trimestre na série histórica da balança comercial brasileira. O saldo comercial também foi o recorde, tendo chegado a US$ 19,1 bi.
Conclusão
Pode-se inferir que, no Brasil, as balanças comerciais, desde 2019, vem ganhando cada vez mais valores positivos. O resultado de 2023, por uma combinação de uma baixa nas importações e um crescimento fora do comum nas exportações, teve o valor mais alto da série histórica. Apesar de uma leve queda prevista da balança de 98,8 bilhões de dólares em 2023 para cerca de 92 bilhões em 2024 (dados da AEB), as exportações devem permanecer no ritmo acelerado de 2023.
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