Recapitulando a trajetória…
Sabe-se que a economia brasileira caminha em uma lenta recuperação ao longo dos últimos anos diante dos desafios políticos enfrentados e muito se debate sobre os próximos passos que direcionarão o país. Entretanto, antes de qualquer discussão, é necessário relembrar as decisões e as consequências que delinearam o ano anterior.
No ano de 2023, com o início de um novo contexto político, o Produto Interno Bruto (PIB) passou por um crescimento acelerado maior do que as projeções estipuladas, principalmente alavancado no primeiro trimestre, aumentando as expectativas de investidores. Posteriormente, o PIB entrou em estabilização, ainda crescendo, porém não o suficiente para impulsionar grandes mudanças no panorama econômico nacional.
Um fator que merece atenção ao analisar esses dados, é perceber quais são as bases setoriais que sustentaram nossa economia: a indústria extrativa e as atividades agropecuárias permaneceram líderes no ranking – o que, observando o histórico brasileiro, não é surpreendente. É importante ressaltar também que a análise construída neste artigo é baseada nas previsões feitas pela Carta de Conjuntura disponibilizada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) e pelo Relatório Macroeconômico produzido pela FGV.
Desempenho do PIB em 2024
O que motivou o crescimento da indústria extrativa e agropecuária em 2023 foi essencialmente o contexto externo de acontecimentos: nossos maiores concorrentes do mercado, em termos das commodities – Estados Unidos e Argentina -, enfrentaram problemas climáticos que ocasionaram o aumento da demanda pelo milho e pela soja brasileira.
Em 2024, por outro lado, a expectativa é de desaceleração de produtividade das safras, em virtude agora dos índices de chuva e fatores de produção internos. Já a indústria extrativa também enfrenta um cenário pouco favorável neste ano, abrindo espaço para o que muitos analistas apontam ser o impulsionador necessário para reduzir nossa dependência para com a demanda internacional: previsões de investimentos governamentais para fortalecer as indústrias de transformação. Em suma, enquanto o relatório do Ipea estipula estimativas mais otimistas de um crescimento de PIB para 2,2%, a análise mais pragmática feita pela FGV restringe essa previsão de 1,5% para 2%.
Cenário externo e riscos possíveis para a economia brasileira
A dinâmica de dependência da economia brasileira em relação à exportação de commodities é responsável diretamente por influenciar os rumos de nossa inflação doméstica. Se por um lado, as previsões esperançosas estabelecem o Brasil e outros países emergentes como bem sucedidos, no atual momento, em progredir no processo de desaceleração inflacionária, a fim de atingir a meta estabelecida para 2025 entre os países do G20; por outro lado, embora as estimativas de inflação anual para 2024 se situem entre 3,5% e 4%, os índices inflacionários permanecem ainda superiores àqueles do período pré-pandêmico.
Além disso, uma possível elevação no preço dos alimentos – que, nesse primeiro trimestre, apresentou baixa em virtude do aumento da oferta internacional – pode provocar uma maior pressão inflacionária na economia interna brasileira, gerando preocupação aos bancos centrais e ao planejamento financeiro previsto.
E o futuro?
Sem dúvidas, para analisar as possibilidades que podem englobar os próximos meses, é preciso balancear diferentes variáveis, destacando, principalmente, aquelas mais imprevisíveis: os fatores econômicos exógenos. A insegurança e incerteza no mercado global ocasionada pela guerra russo-ucraniana reverbera em terras latino-americanas, fazendo com que a queda na oferta de algumas commodities – como petróleo, grãos, gás natural e fertilizantes – ocasione o aumento inevitável dos preços, o que, nesse sentido, impacta tanto nossa importação quanto nossa exportação.
A tensão no Oriente Médio, por sua vez, ocorre em uma região estratégica que, apesar de permitir inúmeras rotas de transporte diário de mercadorias, agora enfrenta dificuldades com o aumento dos custos de frete diante da instabilidade provocada. Por fim, os fenômenos climáticos extremos afetam não apenas o Brasil, mas todos os países do globo e alteram a lógica e o fluxo de produção mundial.
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